Impactos da Nova Regra da CMED no setor farmacêutico

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O que as indústrias e varejos farmacêuticos precisam saber sobre a nova regra da CMED que pode entrar em vigor em 2025? Veja como ajustar suas estratégias para não perder rentabilidade.

O que irá mudar com a nova regra CMED?

Recentemente, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) apresentou mudanças significativas na forma de cálculo do Preço de Fábrica (PF) e do Preço Máximo ao Consumidor (PMC). As mudanças estão sendo analisadas e podem entram em vigor em 2025. 

Essa alteração decorre de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve excluir o ICMS da base de cálculo para a incidência de PIS/Pasep e COFINS, resultando em novos fatores de conversão aplicáveis a esses preços.

A nova resolução da CMED estabelece que os preços dos medicamentos, tanto o PF quanto o PMC, serão ajustados conforme as novas diretrizes, levando em consideração as alíquotas de ICMS, PIS/Pasep e COFINS praticadas em cada estado. Isso implica uma redução nos preços de fábrica e, por consequência, no preço final ao consumidor.

Quais os impactos da nova regra CMED para as Farmácias?

Para as farmácias, essa mudança trará desafios e oportunidades:

Redução de Margens: Com a diminuição do PMC, as margens de lucro das farmácias podem ser diretamente afetadas, principalmente em produtos onde o preço já estava muito próximo do limite regulado. Será crucial revisar as operações e buscar estratégias que compensem essa perda.

Estratégias de lucro para farmácias

Necessidade de Ajuste de Preços: As farmácias precisarão recalcular os preços dos medicamentos com base nos novos fatores de conversão, o que exige uma atualização rápida e precisa dos sistemas de gestão de preços.

Negociação com Fornecedores: Com a redução dos preços de fábrica, será essencial renegociar com distribuidores e fornecedores para ajustar os preços de compra e manter a rentabilidade. Isso inclui também a negociação de ressarcimentos para medicamentos em estoque que sofrerem queda de preço.

Exemplo prático 

Vamos supor que uma farmácia vendia um medicamento por R$150 e, com a nova regulamentação, precise ajustar o preço para R$145. Para manter sua competitividade no mercado, é importante aplicar um desconto, mas sem sacrificar a margem de lucro. Anteriormente, o medicamento era oferecido com um desconto de 30%, resultando em um preço final de R$105. Com o novo Preço de Fábrica (PF), o desconto deve ser recalculado, ajustando o preço final para R$101,50, de modo a preservar a margem proporcional que era praticada anteriormente.

Estratégias de adaptação recomendadas

Revisão de Portfólio: As farmácias devem analisar o impacto dessa mudança em seu portfólio e, se necessário, ajustar o mix de produtos para focar em itens que possam oferecer melhores margens.

Capacitação da Equipe: Garantir que a equipe esteja ciente das mudanças e preparada para aplicar as novas regras é fundamental para evitar erros na precificação e na comunicação com os clientes. O apoio de uma consultoria especializada pode ser útil para direcionar as estratégias e garantir o preparo adequado.

Monitoramento Constante: Dada a possibilidade de revisão da decisão pela CMED, conforme apontado por entidades como a Sindusfarma, é importante que as farmácias acompanhem de perto as atualizações regulatórias e estejam prontas para ajustar suas estratégias conforme necessário.

Uso de ferramentas digitais: Ferramentas como simuladores de preços podem ajudar as farmácias a calcular o impacto das novas regras e a ajustar suas estratégias de forma eficaz. Além disso, o uso de plataformas online para monitorar os preços da concorrência e ajustar as estratégias em tempo real pode ser um diferencial competitivo​.

Veja os preços da concorrência gratuitamente

Quais os impactos da nova regra CMED para as Indústrias Farmacêuticas?

Redução das Margens de Lucro: As indústrias farmacêuticas sofrerão um impacto direto nas suas margens de lucro devido à redução do Preço de Fábrica. Com o novo cálculo, muitos produtos terão seus preços reduzidos, o que pode diminuir significativamente a lucratividade, especialmente para medicamentos de alta demanda ou que já operam com margens apertadas​.

Revisão de Portfólio: Com a redução de preços, as indústrias precisarão reavaliar seus portfólios de produtos. Produtos com margens muito baixas podem se tornar inviáveis, levando a descontinuação ou a uma reavaliação estratégica para focar em produtos mais lucrativos. Além disso, medicamentos que possuem maior elasticidade de preço poderão sofrer ajustes para compensar as perdas em outros produtos.


Ajustes na Estratégia de Preço: As empresas precisarão revisar suas estratégias de precificação para se adequar aos novos limites impostos pela CMED. Isso inclui a possibilidade de realocar investimentos ou reformular o portfólio de produtos para focar em itens que possam compensar as perdas em outras áreas.

Impacto na Inovação e Desenvolvimento: A redução das margens de lucro pode impactar negativamente a capacidade das indústrias farmacêuticas de investir em pesquisa e desenvolvimento. Menores receitas podem limitar o orçamento destinado à inovação, o que, a longo prazo, pode afetar o lançamento de novos medicamentos no mercado.

Revisão de Contratos com Distribuidores e Varejistas: As indústrias precisarão renegociar os contratos com distribuidores e redes de farmácias para refletir os novos preços. Isso inclui a adaptação dos preços de venda, a revisão das políticas de desconto e a reavaliação dos termos de ressarcimento para produtos já em estoque, considerando o impacto da redução do preço de fábrica​.

Pressão Competitiva: Com a redução dos preços, a concorrência no mercado de medicamentos pode se intensificar. Indústrias com maior capacidade de absorver os impactos financeiros podem se beneficiar, enquanto empresas menores ou menos diversificadas podem enfrentar maiores dificuldades.

Exemplo Prático

Imagine que uma indústria farmacêutica produzia um medicamento com um preço de fábrica de R$ 200. 

Com a nova regra CMED, esse preço foi reduzido para R$ 190. 

Para continuar ganhando dinheiro e manter a saúde financeira da empresa, a indústria pode precisar ajustar os preços de outros produtos para equilibrar essa perda. 

Além disso, a empresa terá que recalcular os valores de venda para os distribuidores, levando em conta os novos fatores de conversão que a CMED estabeleceu. 

Também será importante renegociar os contratos com esses distribuidores para garantir que a parceria continue vantajosa para ambos os lados, mesmo com as mudanças nos preços.

Estratégias de adaptação recomendadas

Otimização de Custos e Eficiência Operacional: Implementar medidas de redução de custos e aumentar a eficiência operacional pode ajudar a compensar a redução das margens de lucro. Isso pode incluir a automação de processos, renegociação de contratos com fornecedores e a adoção de tecnologias que aumentem a produtividade​.

Revisão de Preços e Portfólio: As empresas devem revisar seus portfólios para focar em produtos com maior rentabilidade e potencial de crescimento. Além disso, ajustar os preços de medicamentos não regulados ou com margem de ajuste pode ajudar a manter a lucratividade geral​.

Inovação em Modelos de Negócio: A criação de novos modelos de negócio, como parcerias estratégicas, desenvolvimento de genéricos ou medicamentos biotecnológicos, pode oferecer novas fontes de receita. Além disso, explorar mercados internacionais ou nichos específicos pode ajudar a diversificar as fontes de receita e mitigar os impactos das mudanças regulatórias locais​.

Capacitação e Reestruturação: Investir em capacitação e reestruturação organizacional pode ser necessário para adaptar a empresa ao novo cenário regulatório. Isso inclui treinamentos para equipes de vendas e marketing, bem como ajustes na estrutura de precificação e na gestão de produtos​.

Transforme o desafio em evolução

A nova regra CMED poderá impor uma série de desafios às indústrias e varejos farmacêuticos, mas também abre oportunidades para otimizar operações e fortalecer a competitividade no mercado. 

Com a adoção de estratégias inteligentes e proativas, é possível mitigar os impactos negativos e até mesmo encontrar formas de melhorar a rentabilidade neste novo cenário.

Para mais informações e dicas sobre como se adaptar a essas mudanças, continue acompanhando o nosso blog e mantenha-se atualizado sobre as últimas tendências em precificação e gestão de farmácias.